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domingo, 3 de agosto de 2014

FRIENDSHIP AND NATURAL SELECTION


          
Nós, seres humanos, somos criaturas sociais e a tendência é que formemos vínculos de amizade com pessoas que compartilham gostos e características sociais e comportamentais semelhantes às nossas. No entanto, em estudo publicado este mês na PNAS (http://www.pnas.org/content/early/2014/07/10/1400825111.full.pdf+html), o grupo de James Fowler demonstra que a semelhança entre nós e nossos amigos estende-se a níveis genéticos.  O objetivo do trabalho foi avaliar como as amizades se estabeleceriam do ponto de vista evolutivo. Foram utilizados dados do Framingham Heart Study, um famoso estudo iniciado em meados de 1948 com moradores de Framingham que foram seguidos por décadas. Na época, o mesmo teve como objetivo principal estudar fatores de risco para doenças cardiovasculares e os resultados obtidos lançaram evidências de que o colesterol atuaria como um fator agravante no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Avaliando o genoma de 1.932 indivíduos, dentre eles pares de amigos sem nenhum parentesco, bem como pares de indivíduos que nunca se relacionaram, e um total de 466.608 SNPs (polimorfismos de nucleotídeo único), os pesquisadores constataram que indivíduos com forte vínculo de amizade compartilham 1% desses polimorfismos. Isso seria o equivalente a quantidade de SNPs compartilhada entre primos de quarto grau! Em particular, eles encontraram que os genes relacionados ao olfato são os que apresentam maior similaridade entre amigos. É possível que os indivíduos que possuem a mesma capacidade olfatória sejam atraídos para ambientes similares onde acabam por interagir e formar laços de amizade; além disso, o olfato também está ligado a outros processos sociais, tais como relações afetivas e comunicação. Em contrapartida, genes que relacionados ao sistema imune são bastante distintos entre estes indivíduos, o que é evolutivamente interessante, uma vez que a propagação interpessoal de patógenos seria reduzida.
Ainda utilizando essas análises como base, a equipe desenvolveu um "score amizade", capaz de prever quais indivíduos seriam possíveis “melhores amigos” dentro de uma população, e afirmam que podem prever uma possível amizade com tanta confiança quanto os médicos podem prever a probabilidade de obesidade ou esquizofrenia com base em análises do genoma. Será???

Post de Marcela Davoli (FMRP/USP-IBA)

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