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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Um pontapé inicial no ano de 2014: genômica e neurociência brasileiras dando show de bola


Como sugerido no post mais recente de nosso colega blogueiro/imunologista Milton Oliveira:


“Science isn't about publishing and grant writing; those activities are the necessary means to science's true ends. It's about discovery and the childlike joy it brings.”
(“Ciência não é apenas  publicar e escrever para obter verbas para pesquisa; essas atividades são os meios necessários para os verdadeiros fins da ciência. Ciência é sobre a descoberta e a alegria infantil que ela traz”). (Simon Williams, Feinberg Medicine School, Chicago, Illinois, in Science, 01/01/2014).

Assim, ainda no ritmo de retrospectivas de 2013 e perspectivas para 2014 (“and beyond”), o diretor do NIH, Dr Francis Collins publicou no New English Journal Medicine um artigo para comemorar os 60 anos da descrição da molécula de DNA por Watson & Crick, cujo resumo segue:

“Este ano marca 60 anos desde que James Watson e Francis Crick descreveram a estrutura do DNA e 10 anos desde o seqüenciamento completo do genoma humano. Apropriadamente, hoje (19/12/2013), a Food and Drug Administration (FDA) concedeu autorização de comercialização para o primeiro seqüenciador de genoma de alto rendimento (de última geração/‘Next Generation Sequencer’), MiSeqDx da Illumina, o que permitirá o desenvolvimento e a utilização de novos e inumeráveis testes com base no genoma. Quando uma equipe global de pesquisadores sequenciou aquele primeiro genoma humano, levou mais de uma década e custou centenas de milhões de dólares. Hoje, por causa de investimentos federais e privados, as tecnologias de seqüenciamento avançaram drasticamente, e um genoma humano pode ser seqüenciado em cerca de 24 horas para o que é agora menos de U$5.000 (ver gráfico Custo por Genoma).
Custo por Genoma / ano

Este é um raro exemplo de desenvolvimento de tecnologia em que o mais rápido, o mais barato e o melhor coincidiram: como os custos caíram, a capacidade aumentou e a precisão do seqüenciamento melhorou substancialmente. Com o anúncio da FDA, uma plataforma que levou quase uma década para se desenvolver a partir de um projeto de pesquisa inicial financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde, será colocado em uso para o cuidado clínico. Os médicos podem olhar seletivamente para um número quase ilimitado de alterações genéticas que podem ser de importância médica. O acesso a esses dados abre a porta para a transformação da investigação, cuidados clínicos e engajamento do paciente.
(...) A FDA baseou a sua decisão para concessão de autorização de comercialização da plataforma e reagentes Illumina em sua precisão demonstrada através de inúmeros segmentos genômicos, abrangendo 19 cromossomos humanos. Precisão e reprodutibilidade através de instrumentos, usuários, dias e lotes de reagentes também foram demonstrados.
(...) A autorização de comercialização para o primeiro seqüenciador de genoma de próxima geração representa um passo significativo na capacidade de gerar informação genômica que acabará por melhorar a assistência ao paciente. No entanto, é apenas um passo. Há muitos desafios pela frente antes de a medicina personalizada poder ser considerada verdadeiramente incorporada aos cuidados de saúde. Temos de continuar a descobrir variantes dentro do genoma que podem ser usadas para prever o início da doença, afetar a progressão, e modular a resposta à droga. Novas descobertas genômicas precisam ser validadas antes de poderem ser integradas no processo de tomada de decisão médica. Médicos e outros profissionais de saúde vão precisar de apoio na interpretação de dados genômicos e seu significado para pacientes individuais. Pacientes desejarão ser capazes de falar sobre sua informação genética com seu médico. Com as informações e apoio certo, os pacientes serão capazes de participar ao lado de seus médicos a tomar decisões mais informadas. Questões de reembolso precisam ser resolvidas para assegurar que os pacientes tenham acesso aos melhores testes e que os fabricantes tenham incentivos para desenvolvê-las.
(...) A chegada do sequenciamento de última geração neste marco regulatório é apenas o começo. Precisamos trabalhar juntos para garantir que a investigação avance, que as políticas regulatórias sejam desenvolvidas, que os direitos e as necessidades dos pacientes sejam tratados, e que o uso clínico de informação genômica se baseie em evidências rigorosas.”

            Há não muito tempo, eu escrevi em algum (ns) post(s) que a ciência brasileira precisa diminuir a dependência tecnológica em relação aos equipamentos importados, ou pelo menos, em um primeiro passo, na produção de produtos. O prof. João Bosco Oliveira, tendo uma atitude visionária, implantou a primeira plataforma de sequenciamento genético no Nordeste Brasileiro, em Recife, e a única em Genética Clínica no Brasil (para mais informações: http://genomika.com.br/), utilizando a tecnologia de sequenciamento de última geração. Em tempo: o Dr João Bosco é alumni dos NIH, dirigido pelo mesmo Francis Collins já mencionado.
       Desculpem-me aqueles que pensam que se trata de propaganda barata, mas estou aqui para divulgar a ciência brasileira, e sinto-me orgulhoso quando iniciativas como esta e do Instituto Neurológico de Natal, sob direção do agora famoso neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis vêm a campo. Neste caso, literalmente, pois como anunciado aqui no blog, ele vai participar do pontapé inicial – eletrônico, digamos assim - na abertura da Copa do Mundo 2014 com uma de suas pesquisas, em que um dos pacientes dará o tal chute eletrônico com o controle da mente (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/11/1376283-neurocientista-miguel-nicolelis-divulga-fotos-de-exoesqueleto-para-paraplegicos.shtml). Pra quem não sabe, o neurocientista em questão foi o único pesquisador a receber do NIH por 2 anos seguidos prêmios no valor de 1 milhão de dólares para continuar suas pesquisas promissoras.
Este ano de 2014 promete!
           
Referências: Collins F & Hamburg M. First FDA Authorization for Next-Generation Sequencer. N Engl J Med 2013; 369:2369-2371.http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/11/1376283-neurocientista-miguel-nicolelis-divulga-fotos-de-exoesqueleto-para-paraplegicos.shtml

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