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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Trending up and down in tumors


Então no mês passado estive na Conferencia da Nature on Cancer Therapeuthics 2013, from Bench to Bedside – e estava especialmente interessada pois parecia ser um evento semelhante ao que realizaremos aqui em abril de 2014 em Angra – WWW.csc2014.com.br - sobre o qual já postei. Era para falar de dados não publicados, dados negativos, etc pra fomentar mesmo debate.

Começou lindamente com uma conferencia do Roger Tsien, Premio Nobel (um dos) pela GFP. O cara apresentou um trabalho maravilhoso com imagem em tempo real de tumor e nervo, com marcadores específicos, acoplados a fluorocromos, que ele desenvolveu para impedir que o cirurgião resecte nervos essenciais próximos a tumores, quando está removendo cirurgicamente o tumor. Uma loucura, lindo mesmo. Deu toda a conferencia sentado, ninguém entendeu bem. No final, desculpou-se por estar sentado pois havia sofrido um derrame há dois meses e não podia se mexer (!). Foi retirado por duas pessoas deixando uma platéia estupefata – e ainda fascinada pelo seu trabalho. Enfim.Daí relaxei na cadeira e me preparei pra uma conferencia de super-herois, né? Todo mundo com mil papers nas Natures, achei que ia me divertir horrores.

Gente. Que decepção.

Seguiram-se várias conferencias sobre resultados ainda inconclusivos sobre os mesmos inibidores de rotas de sempre! As pessoas falando que ainda não sabem por que inibidores de Ras, ou Raf, ou Erk não funcionam. Idéias antigas. Carlo Croce deu uma aula de microRNAs, mas tudo velho. Bom, Razzelle Kuzrock da UCSD falou que microscópio era uma ferramenta do passado – que olhar o tumor in situ já era – que agora tínhamos que fazer omics – genomics, proteomics. Quase tive um treco. Como assim?  No café falando com as pessoas ninguém tinha idéia de imunologia whatsoever. Falavam que é , agora parece que esta na moda imunoterapia – isso quando eu tinha vindo de varias reuniões de gente falando em dar o Nobel pro Jim Allison pelo anti-CTLA-4. Pessoal tentando entender o que era um TLR, como as vezes inflamava e era bom e as vezes não.

Minha talk foi na sessão de microenvironment. Falaram de exossomos ( a próxima microbiota. Trending up total). M2, Tava lá a discípula do Jeffrey Pollard, Johana Joyce. Meh. E eu falei de GRP atraindo neutrófilos pro tumor, mostrando que o GRP não parecia fazer nada no tumor em si, mas atraia neutrófilos para ele e que possivelmente era isso que ajudava o tumor a crescer, etc.

Silencio total. Acho que as pessoas não sabiam que neutrófilos existiam. Dai eu falei que não adiantava tratar um tumor apenas com um inibidor de quinase e ignorar o infiltrado e as alterações sistêmicas. O tumor não é uma entidade clonal. Ele é um verdadeiro metazoário, atraindo células, fazendo divisão de trabalho entre elas. Mais silencio. Bom, no final vieram falar comigo e me cumprimentar, mas fiquei muito triste que não parece haver crosstalk  nenhum entre cancer e imunologia, mesmo depois de tudo o que esta acontecendo antes, mesmo de na Hallmarks of Câncer, a melhor revisão sobre câncer, que foi revisada em 2010, sair que evasão do sistema imune é uma nova hallmark. Tem que mudar isso. 

O editor da Nature disse que vem pra Angra. Vamos ver.

E vocês, vem? 

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3 comentários:

  1. Esse povo está em que planeta?

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  2. eu nem trabalho nisso mas quero ir pois uma conferência organizada por você será trending up total!!!

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  3. Adorei o texto, apesar da sua decepção, rsrs. "Silencio total. Acho que as pessoas não sabiam que neutrófilos existiam" só rindo pra não chorar!

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