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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Go nuts!

Já há algum tempo que o aumento da ingestão de castanhas (nuts) tem sido correlacionado com redução de doença cardiovascular e de diabetes tipo 2.  É bom lembrar que o que se considera nuts em termos culinários não corresponde exatamente à definição botânica. Várias sementes oleosas são incluídas na mesma denominação. Uma publicação recente mostra que o consumo de castanhas está associado à redução da mortalidade, de todas as causas, e saiu em nada menos que no The New England Journal of Medicine (Association of Nut Consumption with Total and Cause-Specific Mortality; DOI: 10.1056/NEJMoa1307352 e aqui para quem tem acesso).
A associação entre consumo de castanhas e mortalidade foi avaliada em mais de 76.000 mulheres e 42.000 homens entre 1980 e 2010 (números de pessoas e datas estão aproximados para números redondos neste post). Foram excluídos fatores confundidores como história de cancer e de doença cardíaca etc. 
Os resultados são muito fortes tanto para a mortalidade geral quanto por causa específica.


Saliento ainda que as coortes de mulheres e de homens são independentes, o que adiciona força à conclusão que o consumo de castanha se associa inversamente à mortalidade, independentemente de outros preditores de morte.
Há vários pontos no artigo, incluindo a frequencia de consumo das castanhas e diferenças entre os tipos de nuts, separando amendoin das demais, por exemplo. Vale a pena ler.
O que pode explicar o efeito de redução de mortalidade associada ao consumo de nuts? Há várias possibilidades, entre elas a redução dos níveis de colesterol: "Total cholesterol and LDL/HDL ratios decreased in parallel. LDL-cholesterol decreases were greater than predicted from dietary fatty acid and cholesterol exchanges among diets. No changes of other lipid fractions, oxidation analytes or inflammatory biomarkers were observed.” Crossover study of diets enriched with virgin olive oil, walnuts or almonds. Effects on lipids and other cardiovascular risk markers. Nutrition, Metabolism & Cardiovascular Diseases(v. 21 S14-21, 2011).
Comentarei (sem intenção de realizar uma revisão no tema) sobre o consumo de castanhas e inflamação. As evidências que ligam a ingestão de castanhas com marcadores de inflamação ou de ativação endotelial não são concordantes: 
Já em 2006, um estudo do Am J Epidemiol (Nut and Seed Consumption and Inflammatory Markers in the Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis . 2006;163:222–231) concluia que: "Frequent nut and seed consumption was associated with lower levels of inflammatory markers, which may partially explain the inverse association of nut consumption with cardiovascular disease and diabetes risk.”  Entre os marcadores  estavam a proteína C reativa, IL-6 e fibrinogênio.
Há dados também que mostram redução de níveis circulantes de moléculas de adesão: "The walnut diet inhibited E-selectin by 12.7% relative to the fish diet, and the fish diet inhibited secretory intercellular adhesion molecule-1 (s-ICAM-1) by 4.5% relative to the control diet. Both walnuts and fish in commonly consumed amounts may have modest albeit distinct effects on circulating adhesion molecules.” (The effect of dietary walnuts compared to fatty fish on eicosanoids, cytokines, soluble endothelial adhesion molecules and lymphocyte subsets: a randomized, controlled crossover trial. Prostaglandins, Leukotrienes and Essential Fatty Acids 87:111-117, 2012)
Contudo, um trabalho de 2013 mostra algumas nuances de potencial importância para estudos de “nuts" e inflamação ao estudar o consumo de hazelnuts num grupo de indivíduos sadios e normocolesteremicos mas com sobrepeso ou obesidade e observar efeitos mínimos em marcadores inflamatórios ou nos níveis de moléculas de adesão (The Dose of Hazelnuts Influences Acceptance and Diet Quality but Not Inflammatory Markers and Body Composition in Overweight and Obese Individuals. J. Nutr. 2013 143: 8 1254-1262).
Ou seja, don’t go nuts, mas parece seguro dizer que o consumo regular de castanhas pode prolongar a sua vida, mesmo sem saber (ainda) os mecanismos.

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