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domingo, 1 de setembro de 2013

JOURNAL CLUB – IBA: CÉLULAS T REGULADORAS E ÁCIDOS GRAXOS DE CADEIA CURTA: MANTENDO A PAZ NO INTESTINO



Smith e colaboradores (2013) publicaram um trabalho muito elegante na conceituada Science e defenderam uma nova explicação para a geração de tolerância à microbiota intestinal. Os autores propuseram que produtos derivados da alimentação, metabolizados por bactérias comensais, seriam responsáveis pela homeostasia no intestino diretamente por induzirem expansão e aumento da capacidade supressora de células T reguladoras (Tregs) colônicas.
Tais produtos são obtidos a partir da fermentação de polissacarídeos no cólon, compostos por 1-6 carbonos em sua estrutura e chamados de ácidos graxos de cadeia curta (short-chain fatty acids, SCFAs). Os SCFAs possuem receptores em células do sistema imune (GPR43, codificado pelo gene Ffar2), com propriedades anti-inflamatórias já descritas em macrófagos e células dendríticas.
De maneira simples, clara e direta, os autores demonstraram que a ingestão de SCFAs é capaz de aumentar a frequência e número de células T reguladoras produtoras de IL-10 presentes no cólon intestinal. Como esperado, essa geração foi dependente de GPR43, que inibe a expressão de enzimas envolvidas com controle epigenético, as histonas desacetilases (HDCAs). A acetilação de histonas é relacionada com o relaxamento da cromatina e maior exposição do DNA à ligação de fatores de transcrição. De fato, o tratamento in vitro de Tregs com SCFAs inibiu a expressão de duas desacetilases: a  HDCA6 e a HDCA9, anteriormente relacionadas com a função supressora dessas células, que realmente relacionou-se com a maior acetilação das histonas. Por fim, células T reguladoras tratadas com SCFAs expandiram melhor e foram mais eficientes na proteção em modelo experimental de colite. Tal proteção não foi observada na deficiência específica de GPR43 nas Tregs.
Dessa forma, a nova moda microbiota/sistema imune ganha novos “apetrechos”: os metabólitos derivados das bactérias comensais. Microbiota intestinal e metabólitos poderão ser utilizados como futuros moduladores terapêuticos no tratamento e prevenção de doenças inflamatórias, em especial as do trato gastrointestinal.
 Post de Denise Sayuri e Kalil Alves de Lima

 Referências:



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2 comentários:

  1. Gostei muito desse post e dos artigos de referência também.
    Existem muitas formas da gente pensar em modular o que acontece no intestino. Esses SCFAs são um ótimo exemplo para trabalharmos né?

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  2. Pois é!! Quanto maior a complexidade, maior também serão os possíveis alvos terapêuticos na modulação da resposta imune.

    O pessoal do grupo do Prof. Mauro Teixeira, em BH, já desenvolve trabalhos com os SCFAs há algum tempo .. são, inclusive, colaboradores de um trabalho muito bonito publicado na Nature em 2009.

    Caso tenha interesse:
    Maslowski et al., 2009 - Regulation of inflammatory responses by gut
    microbiota and chemoattractant receptor GPR43

    Abraços e obrigado pelo cometário,

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