BLOG DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE IMUNOLOGIA
Acompanhe-nos:

Translate

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Células de Langerhans finalmente mostram a sua cara?



 As células dendríticas (DC) são mediadoras importantes entre a resposta imune inata e adaptativa.  Até o momento, foram caracterizadas quatro tipos de células dendríticas: DC clássica ou convencional;  DC plasmocitóide; células de Langerhans (LC) e dendríticas derivadas de monócitos. Avanços com relação a caracterização de progenitores na medula óssea, aos fatores envolvidos na diferenciação dessas células, e ferramentas para a depleção de DC in vivo, têm contribuído bastante para entender a função das dendríticas em processos fisiológicos e patológicos.

Apesar de tantos avanços, pouco sabemos sobre a função das LC na pele. Isto muito provavelmente deve-se a uma rápida repopulação dessas células, ou ainda ao fato de a derme também conter grande numero de células dendríticas convencionais, o que pode atrapalhar a caracterização das funções especificas de cada tipo celular durante respostas imunes iniciadas na pele, como no caso de infecções.

As LC estão presentes na epiderme, em contato direto com os queratinócitos. Após a entrada do antígeno na pele, as LC são ativadas e migram para o linfonodo, onde vão mediar a extensão da resposta imune adaptativa que será gerada. Não esta claro, no entanto, se as LC promovem a ativação ou a tolerância de células T. Resultados conflitantes usando expressão transgênica de gene que codifica a toxina diftérica ou o receptor da toxina diftérica  sob o controle do promotor do gene da langerina, sugeriram que LC podem, respectivamente atenuar ou exacerbar hipersensibilidade de contato.   

Assim, dois recentes artigos podem ser promissores para entender tal questão. Tem sido caracterizado que a geração de LC é dependente da expressão do receptor Colony stimulating fator (Csf-1). O fator de crescimento Csf-1 esta envolvido na geração, diferenciação e sobrevivência de macrófagos e monócitos, mas não contribui para a geração de LC, visto que camundongos deficientes de Csf-1 apresentam população normal de LC na pele. Assim, um outro ligante que não Csf-1 deveria ser o responsável pelo efeito nestas células.

Então, ambos trabalhos elegantemente mostraram que IL-34 deve contribuir para a ativação de Csf-1R e para a manutenção de LC na epiderme de camundongos. Além disso, IL-34 também contribui para a formação de micróglia no sistema nervoso. A deficiência em IL-34 refletiu na redução do numero de LC e micróglia, mas não no numero de monócitos, macrófagos ou dendríticas. 

Além disso, a deficiência em LC resultou em uma diminuída hipersensibilidade do tipo tardio induzida por Candida albicans, suportando a idéia de que LC participam na ativação de células T, e tem a função  de promover, mas não tolerizar a resposta imune adaptativa. Resta então explorar se as LC comportam-se da mesma maneira frente a outros tipos de estímulos, como durante respostas alérgicas ou induzidas por vírus.


Aos amantes de DC como eu, espero que divirtam-se.
    

1- Re(de)fining the dendritic cell lineage, Nature Immunology 13,1145–1154 (2012)

2- IL-34 is a tissue-restricted ligand of CSF1R required for the development of Langerhans cells and microglia. Nature Immunology 13, 753-760 (2012).


3-Stroma-Derived Interleukin-34 Controls the Development and Maintenance of Langerhans Cells and the Maintenance of Microglia. Immunity 37(6) 1050 - 1060




  



    

Comente com o Facebook :

Nenhum comentário:

Postar um comentário

©SBI Sociedade Brasileira de Imunologia. Desenvolvido por: