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domingo, 2 de setembro de 2012

Journal Club IBA: SINAPSE IMUNOLÓGICA DINÂMICA: ACERTE O ALVO, SE VOCÊ FOR CAPAZ


                Todos nós estamos acostumados com as caracterísicas fundamentais de uma Sinapse Imunológica (SI), que possui uma estrutura tipo "bulls eye" ou tipo alvo, com moléculas de TCR-MHC-peptídeo formando um cluster central e moléculas de adesão rodeando essa região central, formando um cluster periférico. A SI é basicamente uma região de contato físico entre célula T e APC (ou célula alvo, Fig. 1a), que pode ser chamada também de Cluster de Ativação Supramolecular (SMAC, do inglês "Supramolecular Activation Cluster"). A região central é denominada cSMAC e a região periférica é denominada pSMAC  (Fig. 1b, cSMAC em marrom, pSMAC em verde; Huppa & Davis, 2003).
 
            Essa estrutura é extremamente importante para ativação celular e para função efetora, pois dispõe as células em um contato mais íntimo, facilitando a liberação de grânulos e citoninas para a célula alvo. Mas tem um porém, essa estrutura não é completamente estática como pensamos. Mesmo após a formação de um cSMAC maduro, tanto a célula quanto a sinapse e o cSMAC continuam a se movimentar. É o que mostrou o trabalho de Beemiller et al. (2012) publicado na revista Nature Immunology deste mês, que trouxe uma visão dinâmica da movimentação dos microclusters de TCR (primeiras estruturas de sinalização) e formação do cSMAC durante uma sinapse movél.

            Além disso, os resultados apresentados neste trabalho mostraram que o movimento realizado pela célula T e pelo cSMAC, e de modo interessante a centralização dos microcluster de TCR para formação do cSMAC, dependem da despolimerização da actina. Entretanto, miosina-II, um importante fator regulador do citoesqueleto e de extrema importância para motilidade celular foi dispensável para formação de cSMAC.

            Com um modelo de estudo de sinapses in vitro, o mesmo utilizado para demonstrar pela primeira vez a estrutura que conhecemos hoje tipo "bulls eye" (Grakoui et al. 1999), no qual uma bicamada lipídica carregada com MHC-peptídeos mimetiza a célula APC, foi mostrado que, após adição de células T marcadas com fluoróforos,  existem dois tipos de sinapse, uma estável e outra movél. A técnica de  microscopia de fluorescência de reflexão interna (TIRF) foi aplicada para observar a movimentação celular, dos microclusters e de cSMAC por meio de vetoriais calculados com auxílio de sofisticados softwares matemáticos.

            Esta ferramenta também poderá auxiliar no entendimento do real papel do cSMAC na SI durante a resposta imune, uma vez que um trabalho publicado por Lee et al., (2003) mostrou que a ausência de cSMAC propiciou uma hiperresponsividade das células T. Agora com este modelo experimental em mãos, em breve segredos sobre o cSMAC serão desvendados. Será que a formação de cSMAC estaria regulando a ativação celular?
 
 
Em conclusão, este artigo mostrou de forma mais apurada que os linfócitos T e a SI se movimentam, assim como cSMAC. O direcionamento dos microclusters e a formação do cSMAC é totalmente dependente da despolimerização de actina, como já mostrado em modelo similar com células T Jurkat (Fig. 2, Kaizuka et al. 2007), mas independente de miosina-II.
E agora eu te pergunto: você conseguiria acertar esse alvo?
Post por Éverton O.L. dos Santos e Giuliano Bonfá
 
Referências:

1) Nature Immunology 13, 787–795 (2012).

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