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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

NOVA CONVERSA ENTRE NLRC4 e NLRP3


Cada vez mais trabalhos têm mostrado que os receptores da imunidade inata não “trabalham” individualmente, frente à infecções bacterianas. Ao contrário, uma resposta amplificada, capaz de eliminar um patógeno eficientemente, necessita da interação de receptores e moléculas de uma mesma família ou de famílias distintas dos PPRs. Um exemplo disso está no trabalho recentemente publicado na Cell e postado aqui pelo Dario Zamboni, mostrando a contribuição da via TLR4-TRIF-IFN-I na ativação do inflamassoma NLRP3, durante a infecção por bactérias Gram negativas.
Nesse sentido, um trabalho publicado pelo grupo do Dr. Fabio Re, (PLoS Pathog 7(12): e1002452. doi:10.1371/journal.ppat.1002452) mostra que a bactéria Burkholderia pseudomallei, causadora da doença melioidose, induz a ativação dos inflamassomas NLRC4 e NLRP3, os quais desempenham um papel protetor não redundante para conter a infecção. Utilizando um modelo murino de melioidose, os autores demonstraram que o inflamassoma NLRP3 é responsável pela produção de IL-1b e IL-18, enquanto que o NLRC4 induz piroptose, ambos dependentes de caspase-1 e necessários para controlar a infecção. No entanto, camundongos NLRC4-/- são altamente susceptíveis à infecção e apresentam uma produção elevada de IL-1b (mediada por NLRP3). Surpreendentemente, a IL-1b mostrou ser deletéria na melioidose, em parte, devido ao recrutamento excessivo de neutrófilos, que por não expressarem NLRC4 e, consequentemente, não sofrerem piroptose, tornam-se permissivos à replicação intracelular, resultando no aumento da carga bacteriana.
Dessa forma, podemos notar que durante uma infecção bacteriana, duas plataformas formadas por NLRC4 e NLRP3 são geradas, desempenhando papéis não redundantes durante a infecção por Burkholderia pseudomallei. O intrigante nesse caso é que a mesma caspase-1 recrutada por plataforma distintas pode exercer papéis deletérios ou protetores à mesma infecção, sendo que a conversa entre NLRP3 e NLRC4 se torna fundamental para o balanço entre os mesmos.


Carina Buzzo
Doutoranda do Laboratório de Imunologia Molecular
Centro de Terapia Celular e Molecular - UNIFESP

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