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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Plaquetas apresentam antígenos via MHC de classe I e desencadeiam respostas efetoras de células T


As plaquetas são conhecidas pela sua grande importância na formação de coágulos, mas no trabalho liderado pelo Dr. Craig Morrell, foi demonstrada uma maior funcionalidade dessas células. As plaquetas contêm muitas moléculas importantes no processamento e apresentação de antígenos, além de apresentarem moléculas co-estimulatórias, como o CD40 e o CD86. Levando em consideração a expressão dessas moléculas, o autor cultivou plaquetas com células T estimuladas com o primeiro sinal, e demonstrou que o segundo sinal atribuído pelas plaquetas é capaz de promover a produção de IL-2 pelas células T. Em seguida, os pesquisadores mostraram que as plaquetas podem processar e apresentar antígenos in vitro.
Para avaliar se essa apresentação de antígenos pelas plaquetas é efetiva para linfócitos T, foi utilizada a linhagem de camundongos OT-I, que apresenta o TCR específico para um resíduo de OVA e a linhagem OVA-Tg, que são camundongos que apresentam o peptídeo de OVA em seu MHC de classe I. Assim, foi observado um aumento da produção de citocinas IL-2 e IFN-g quando as células T dos camundongos OT-I foram cultivadas com plaquetas de camundongos OVA-T, demonstrando que as plaquetas são importantes na modulação da resposta imune.
Tendo demonstrado a capacidade das plaquetas apresentarem antígenos via MHC de classe I, os autores utilizaram a malária como modelo de infecção, em função da importância do papel das plaquetas na patogênese da malária cerebral experimental. Nos experimentos, os pesquisadores depletaram as plaquetas de camundongos e dosaram IL-2 e IFN-g do plasma desses animais, demonstrando que quando as plaquetas foram depletadas a resposta imune é prejudicada drasticamente. Surgiu então a dúvida se a plaqueta teria a capacidade de apresentar antígenos da hemácia infectada de um camundongo. Camundongos foram então infectados com um parasito expressando peptídeo de OVA, e suas hemácias foram isoladas e incubadas com células OT-I na presença de plaquetas selvagens e plaquetas de animais nocautes para a região beta do MHC I. Observou-se a expressão de CD25 e de IL-2 nas células OT-I incubadas com hemácias e plaquetas selvagens em relação aos outros grupos.
Finalmente, pensando na utilização de células dendríticas pulsadas com antígenos na indução de respostas de células T protetoras para o tratamento de câncer e HIV, os autores pensaram na utilização de plaquetas para a mesma finalidade, já que essas podem apresentar antígenos. Plaquetas foram incubadas com OVA e transferidas aos camundongos que foram infectados com Plasmodium berghei ANKA-OVA. Como resultado, 100% dos animais do grupo tratado com plaquetas sobreviveram à malária cerebral com uma baixa parasitemia e um alto número de células CD8+ específica para OVA.
Este trabalho apresenta um conceito importante de que as plaquetas não apenas sustentam e promovem respostas imunes adquiridas, mas também participam diretamente na iniciação desta resposta.

Boa Leitura: Chapman et al. Platelets Present Antigen in the Context of MHC Class I. The Journal of Immunology. 189(2):916-23 (2012).

Post por Pedro Costa, aluno de mestrado do Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, CPqRR, Fiocruz.

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