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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Qual DC subset você quer ser quando crescer?


Perguntaram as células T helper para os monócitos…

Vários trabalhos mostraram que monócitos infiltram tecidos inflamados e se diferenciam em células dendríticas (DCs). Mas os mecanismos envolvidos nesta diferenciação não estão bem determinados. O grupo do Edgar Engleman aqui em Stanford investigou qual seria a participação das células T helper neste processo, uma vez que células T helper de memória e monócitos infiltram tecidos inflamados, estando assim em condições de interagirem. (Alonso et al, 2011)

Partindo de observações em biópsias de pele de pacientes com dermatite atópica e psoríase, onde células CD4+ e CD14+ foram observadas em proximidade, eles passaram aos experimentos in vitro. Eles verificaram que as células T helper não só promovem a diferenciação dos monócitos em DCs, mas estas DCs expressam características relacionadas ao subset T helper da cultura. E tem mais. Após a diferenciação dos monócitos em DCs, estas células, cultivadas com células T naïve, promoveram o desenvolvimento das células T no subset T helper do mesmo tipo que o T helper subset original, ou seja, aquele que havia participado da diferenciação monócito/DC. Quer dizer, células Th1 promovem o desenvolvimento de monócitos em DCs “Th1” que por sua vez promovem o desenvolvimento de células naïve em células Th1, as células Th17, de DCs “Th17” que promovem Th17, e o mesmo para Th2. Assim, cada subset puxou a sardinha para o seu lado, o que potencialmente poderia amplificar a resposta original. Fácil de se imaginar que haveriam situações onde esta amplificação seria benéfica, outras nem tanto.

Não só isso, mas os sinais das células T helper que induziram a diferenciação dos monócitos em DCs se sobrepuseram aos sinais gerados por estímulos TLR. Mesmo se as DCs já diferenciadas encontraram um sinal que induziria um tipo de resposta diferente (por exemplo, se uma DC “Th1” encontra um TLR que promoveria uma resposta “Th2”), pelo menos nas condições deste trabalho, estes sinais TLR não conseguiram se sobrepor às intruções prévias das células T helper. No entanto, o encontro com estímulos TLR resultou em um aumento da produção de citocinas pelas DCs, sugerindo um potential mecanismo de amplificação da resposta imunológica destas células.
Bom, tudo isto foi feito in vitro (afinal, foram usadas células humanas) assim seria interessante se verificar o que acontece in vivo (em modelos de parasitas, por exemplo). E como citado pelos autores, outras células como CD8, NK e NKT, também podem participar da diferenciação monócito/DC, complicando o esquema. E é importante também se entender quais seriam os mecanismos de controle desta resposta, por exemplo, será que células T reguladoras promoveriam a diferenciação de monócitos em DCs que seriam tolerantes? E quais seriam as implicações destes processos na resposta a vacinas, por exemplo? Seria interessante se a falha de algumas vacinas estivesse ligada à indução das DCs ‘erradas’, ou à falhas devido a problemas com a infiltração dos monócitos e diferenciação em DCs.

Alonso et al
T(H)1, T(H)2, and T(H)17 cells instruct monocytes to differentiate into specialized dendritic cell subsets.
Blood. 2011 Sep 22;118(12):3311-20

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2 comentários:

  1. Claúdia, ótimo post!

    Uma pergunta: se são as APCs que instruem as T helper a se diferenciarem incialmente para os respectivos subsets, poderíamos inferir que os PAMPs controlam o processo como um todo?

    Abraços, Tiago.

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