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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sobre Sydney Brenner

Resolvi escrever um post leve apenas para comentar brevemente sobre um dos ícones das ciências biológicas que fez e ainda tem feito contribuições seminais para a biologia molecular, genética e evolução. Falo do sul africano Sydney Brenner, que não só ajudou a desvendar os mecanismos de tradução e do código genético, como também foi o pioneiro nos estudos do verme Caenorhabditis elegans, modelo experimental vastamente utilizado em estudos de envelhecimento, genética, neurologia, apoptose, biologia do desenvolvimento, entre outros.


Sydney Brenner falou no começo do mês no MIT.

Brenner, hoje com 84 anos, falou no MIT no começo deste mês em um painel que discutiu as raízes das disciplinas neurociência, ciência cognitiva e inteligência artificial. Durante o curto tempo de sua palestra, Brenner voltou no tempo e disse que ao ler os trabalhos do matemático John von Neumann (aqui), que não faz referência à biologia, ele entendeu como os genes funcionam.

Ele disse que gostaria de presenciar uma mudança na visão atual do determinismo genético, uma ampliação do que os genes realmente representam. Genes não são simples blocos de construção, e sim participantes ativos de um processo dinâmico que reflete diferentes fases da nossa história evolutiva, disse o pesquisador do Salk Institute for Biological Studies laureado com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2002 (aqui).

Buscando por um sistema experimental simples que pudesse esclarecer como cérebros são construídos, Brenner iniciou seus estudos com o C. elegans. “Demorei 20 anos para analisar a estrutura total do cérebro do verme e todas as conexões de seus 320 neurônios”, disse. Brenner foi imortalizado numa linhagem de C. elegans, a Caenorhabditis brenneri SP (aqui).

Steve Pinker (aqui), moderador do painel, abriu a discussão dizendo que vida e mente, embora muito estudados, são ainda mistérios científicos. Respondendo Pinker, Brenner disse que novas abordagens de estudo serão necessárias no futuro para o estudo destes mistérios (ele não falou quais). Defendeu que o mistério da consciência nunca será resolvido, e sim irá desaparecer.

Marvin Minsky, um dos pioneiros da inteligência artificial, responsável pelo primeiro sintetizador musical, além de ter sido fonte de inspiração para o diretor do filme 2001: uma odisseia no espaço, também participou do painel. Minsky contou que quando Brenner começou a trabalhar com o verme, ele precisava fazer cortes histológicos finos para analisar cada uma das camadas. “Era um enorme trabalho fazer tudo na mão”, disse o professor emérito do MIT. Minsky começou a visitar Brenner na década de 1960 e sugeriu que seus alunos o ajudassem a automatizar o processo. Ele sugeriu uma troca de alunos entre os dois laboratórios. “Brenner negou dizendo que seus alunos iriam achar a minha área de pesquisa muito mais instigante. Ele estava certo”, brincou Minsky.

Se você quiser saber mais sobre o evento, aí vai o link (aqui).


Para não dizer que não falei de imunologia, seguem duas recomendações fresquinhas:
- Vídeo TED: Bruce Aylward: How we'll stop polio for good (aqui)
- Revisão sobre mitocôndria e resposta imune inata (aqui)

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3 comentários:

  1. Cris, ele é uma lenda viva...Bom que voce traga noticias dos grandes biologos que visitam o MIT. E não tem que fazer link com imunologia não. Nos precisamos aprender mais com as outras disciplinas. Sempre.

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  2. e lembrar que ele ganhou o campeonato do mundo dos biologos (Nobel) em 2002...

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  3. Sergio, fiquei emocionada na palestra dele! Ele é realmente uma lenda viva, como você disse. Pois é, até peguei o link da biografia dele na época do Nobel e me esqueci de listar no texto. Vou atualizar. Thanks! :)

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