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quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Tuberculose e o Brasil


No Brasil, perto de 100 mil casos de tuberculose são notificados anualmente, sendo que, em 2008 foram notificados 68.147 casos novos da doença, dos quais 56.172 foram formas pulmonares bacilíferas e 9.712 extrapulmonares. A mortalidade atinge cerca de 6 mil pacientes e os principais fatores que contribuem para a manutenção e agravamento do problema são a pobreza e a ocorrência da AIDS nos grandes centros. O aumento da ocorrência da resistência medicamentosa e da multidroga-resistencia (MDR) é outra preocupação não só do Ministério da Saúde, mas também do programa Stop TB da Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com outras organizações internacionais.

De acordo com recentes informações da OMS mais de 500.000 de casos de tuberculose multidroga-resistente (MDR) ocorrem anualmente no mundo – incluindo 50.000 casos de tuberculose onde o bacilo é resistente à maioria das drogas disponíveis (XDR). Situação extremamente preocupante para os 22 países que respondem por 80% dos casos da tuberculose.

A resistência a droga é normalmente ocasionada pelo mal uso dos fármacos como administração irregular e, principalmente, pelo abandono do tratamento. O paciente normalmente apresenta baciloscopia positiva mesmo após o 4º mês de tratamento e pode apresentar os sinais e sintomas sugestivos de tuberculose pulmonar ou extrapulmonar. O diagnóstico deve ser feito através de cultura com teste de sensibilidade do bacilo ainda presente no paciente. No Brasil, a situação de resistência a droga existe, mas de acordo com o Ministério da Saúde ainda não é crítica. Aparentemente a principal maneira de prevenir que o Brasil caminhe em direção à realidades encontradas em alguns países do leste europeu e Ásia é promover a aderência do paciente ao tratamento, diminuindo cada vez mais o abandono e assegurando assim a cura. Atualmente o Brasil apresenta uma baixa proporção de casos de MDR. Isto se deve não só ao uso da apresentação de antibióticos combinados em uma única cápsula, mas principalmente à não disponibilização destas drogas em farmácias comerciais e a implantação dos DOTS (Estratégia de Tratamento Diretamente Observado). O controle e a distribuição adequada dos antibióticos no nosso país, onde o tratamento da tuberculose é em bem público, tem sido o ponto mais importante para evitar a resistência às drogas. Talvez esta seja a melhor explicação para o fato de, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil, que já forneceu aproximadamente 2 milhões de tratamentos contendo rifampicina e isoniazida, apresentar uma proporção de MDR até 10 vezes menor do que países que pouco ou nunca fizeram uso desta combinação de drogas em seus programas de controle.

Recentemente, o Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Controle da Tuberculose recomendou a inclusão do etambutol, no esquema de tratamento para adultos e adolescentes. Desse modo, está recomendado o uso de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol na primeira fase do tratamento durante dois meses, seguidos de rifampicina e isoniazida durante quatro meses. O regime pode variar em condições especiais de acordo com a recomendação do Ministério da Saúde.

Apesar do regime de tratamento estar aparentemente funcionando, a dificuldade e demora encontrados no diagnóstico e a falta de uma vacina eficaz sinalizam para uma ainda longa convivência com a tuberculose no Brasil e no mundo.

Um comentário na Nature Medicine deste mês, sobre a falta de dados nacionais na Índia e outros países em desenvolvimento sobre tuberculose MDR e XDR me chamou a atenção para este tópico. Infelizmente vou ficar devendo algumas infromacoes mais precisas a vocês blogueiros e leitores do SBlogI. Enquanto estava escrevendo este post não consegui encontrar informações importantes para a construção de um cenário real da tuberculose no Brasil, como por exemplo o próprio número de casos atuais de MDR e XDR. Espero que alguém nos ajude com estas e outras informações complementando este Post. Abraços a todos!

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Um comentário:

  1. Oi Lis,
    Dados sobre resistência em tuberculose no Brasil foram coletados em laboratórios centrais estaduais (Lacens) nos últimos anos e ainda não os vi publicados. Aqui em Santa Catarina, nosso grupo encontrou cerca de 20-30% de M. tuberculosis resistente a um ou mais fármacos (com confirmação molecular em andamento). Abços.

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